Alguns conceitos básicos e detalhamento do meu hardware (Abril de 2025).
Câmera
Para astrofotografia, câmeras DSLR e DSLM podem ser usadas. As câmeras DSLM, também chamadas de mirrorless , não possuem espelhos internos, o que faz com que seu viewfinder seja sempre eletrônico (o que possibilita serem mais leves e portáteis). Independentemente do tipo de câmera, elas necessitam possibilitar ajustes manuais. Alguns desses ajustes são:
- Ajuste de equilíbrio de brancos para luz do dia
- Desativação de flash e foco automático
- Ajuste de definição de diafragma B (f stop)
- Quanto maior o número do diafragma menor sua abertura, ou seja, menos luz passa por ele
- Ser compatível com um disparador remoto ou possuir ajuste de disparo com atraso
- Suportar arquivos com menor compressão possível, como RAW
- Se disponível, redução interna de ruído
- Ajuste de sensibilidade ISO 400-800, e, em casos específicos, ISO 1600
- Para ISOs mais baixos, mais luz deve estar sendo emitida pelo objeto
Para fotografar o sol é necessário atenuar a luz, utilizando um filtro solar para lentes ou um prisma de Herschel.
Pessoalmente, utilizo câmeras DSLM, sendo elas a Fujifilm XT1 e a Fujifilm XT50. Após regulagens preliminares decidi usar a XT1 como câmera dedicada à astrofotografia. Junto da câmera é necessário usar um adaptador T2. O meu é um adaptador T2 William Optics (Adapter T for Fujifilm FX48mm). Por alguma razão esse adaptador não se encaixa tão suavemente na XT50, mas funciona perfeitamente em ambas as câmeras.
Assim sendo, conecto o adaptador na entrada para objetivas e, ao invés de uma lente, utilizo um dos telescópios detalhados abaixo.
Telescópios
Existem vários tipos de telescópios no mercado, mas descreverei brevemente os telescópios que possuo (e, futuramente, pretendo detalhar minha experiência com cada um deles).
Telescópios refratores
O refrator mais famoso é o usado por Galileu Galilei para fazer importantes descobertas astronômicas, como as luas de Júpiter. Possui como componentes essenciais:
- Objetiva, que é a lente na extremidade frontal do telescópio, fazendo a absorção de luz dos objetos distantes
- Ocular, a lente mais próxima aos olhos do observador, usada para ampliar a imagem formada pela objetiva
- Tubo ótico, o tubo que mantém as lentes na posição correta e protege o telescópio contra a entrada de luz indesejada
- Montagem, é o suporte, algo similar a um tripé fotográfico. Pode ser altazimutal ou equatorial e serão melhores detalhados no tópico montagem.
Existem vários tipos de telescópio refratores. O que eu possuo é um refrator apocromático.
Refrator apocromático são refratores cujo design de lente combina pelo menos três cores em um ponto focal comum. Deste modo, a típica aberração cromática que acontece em outros refratores não acontece. Sem essa correção, objetos claros, como a lua ou planetas, apareceriam com faixas de cores que distorcem e diminuem a clareza da observação.
O modelo que utilizo é o William Optics Redcat 51. E um Refrator Apocromático com abertura de 51mm, distância focal de 250mm e f/4.9. Possui um design Petzval. É bastante leve e portátil, possibilita fotos de curta exposição e sua mascara Bahtinov auxilia no foco.
Telescópios refletores
Esse tipo de telescópio, diferente dos refratores, utiliza espelhos para coletar e focalizar a luz dos objetos celestes. O espelho primário possui uma superfície curva côncava que coleta a luz e a reflete em direção a um segundo espelho, chamado espelho secundário. Esse, por sua vez, reflete a luz para um ponto focal onde a imagem é formada. Este ponto focal é onde se encaixa uma peça chamada ocular, utilizada para visualizar a imagem ampliada.
Para focar, o espelho secundário se move para frente ou para trás ao longo do tubo, permitindo ajustar a nitidez da imagem. Para aumentar a ampliação se usam oculares, sendo que um ocular maior permite observações mais detalhadas e um menor proporciona um campo de visão mais amplo.
Os telescópios Newtonianos são bastante populares. Como o nome sugere, foram desenvolvidos por Sir Isaac Newton durante o século XVII. Esse tipo de telescópio possui algumas vantagens e desvantagens, sendo importante destacar
1. Vantagens
- Eliminação de aberrações cromáticas que formam halos coloridos ao redor dos objetos
- Maior captação de luz devido ao seu tamanho, o que possibilita a observação de objetos de luz de luz mais fraca e mais distantes
2. Desvantagens
- Podem ser grandes e pesados, dificultando o transporte e montagem
- Necessitam ser colimados regularmente para garantir que os espelhos estejam alinhados. A colimação envolve o ajuste dos componentes óticos para que os raios de luz refletidos ou refratados foquem no mesmo ponto focal.
- A limpeza dos espelhos requer conhecimento prévio e destreza para evitar danos.
O modelo que utilizo é o SkyWatcher 150 PL. Um telescópio newtoniano com tubo ótico de 150mm e f/8. Ele é especialmente indicado para observação lunar e planetária. Como possui um espelho de ótica pura, produz imagens livres de aberrações cromáticas.
Telescópios catadióprico
Maksutov Cassegrain
São telescópios mistos, que combinam refração e reflexão. Esses também podem ser chamados de telescópios compostos, pois combinam lentes e espelhos para alcançar equilíbrio entre qualidade de imagem e portabilidade. A reflexão ocorre pelo espelho primário e a refração ocorre quando a luz atravessa o menisco instalado na extremidade superior do tubo. Possui ainda um ..espelho secundário.. que é uma pequena área metalizada na parte central do menisco. Essa área funciona como um secundário convexo que reflete a luz na direção do espelho primário. O focalizador com a ocular são instalados na parte inferior do tubo.
Utilizo o Celestron Maksutov-Cassegrain 127/1500mm. Ele possui montagem direta T2, não necessitando o uso do adaptador. É bastante compacto e pode ser usado para observação e astrofotografia da lua, planetas e céu profundo.
Adaptadores de baioneta
Para fotografia de planetas é utilizado projeção ocular. Sendo assim, um adaptador especial é utilizado, sendo inserido no espaço para ocular do telescópio. A imagem ampliada do ocular e então projetada para a câmera. Um anel T2 pode ser necessário e deve ser compatível com o modelo específico de câmera utilizada.
Para um telescópio newtoniano, lentes de Barlow são necessárias para alcançar o ponto focal.
Meu adaptador de projeção ocular é o SOLOMARK 1.25 e minha lente de Barlow é a Celestron 93436.
Montagem
Um tracker é bastante útil para fotos com maior tempo de exposição, já que a rotação da Terra faz com que um corpo celeste se mova 1/4 de grau por minuto para o oeste. Quanto maior a distância focal, menor deve ser o tempo de exposição.
Com distância focal de aproximadamente 80MM já é possível fazer imagens de céu profundo. Para isso, a melhor estratégia é tirar várias fotografias consecutivas com tempo de exposição de apenas alguns minutos e usar um software para “empilhar” essas imagens, diminuindo o ruído e aumentando a nitidez. Ainda pesquiso qual o melhor software para utilizar com meu ambiente (iPad Pro e iMac).
Meu tracker é o SkyWatcher Mount Star Adventurer GTI Wi-Fi GoTo. Possui um polarscope integrado, interface USB e outros conectores. Também possui um socket para cameras, que pode ser programado por um aplicativo. A carga maxima é de 5kg. Ele possui montagem equatorial.
Tipos de Montagem
- Montagem altazimutal: Uma montagem altazimutal em que o eixo principal permite movimentação no sentido do azimute, que é o ângulo horizontal que parte do norte no sentido leste, sul, oeste e retorna ao norte. Esse eixo é montado na vertical, com a origem rigorosamente no norte verdadeiro. Seu eixo secundário permite movimentos de altura, entre o horizonte e o zênite (ponto imaginário interceptado por um eixo vertical (também imaginário) traçado a partir da cabeça do observador que se prologa até a esfera celeste.
- Montagem equatorial: Uma montagem equatorial tem o eixo primário precisamente paralelo ao eixo terrestre. Desta forma, aponta para o polo celeste, também chamado de eixo polar. O eixo secundário permite movimentação no sentido da declinação de 0° no equador até +90° no polo norte e -90° no polo sul.
Espero em breve poder retornar com relatos detalhados e imagens ilustrativas.
4 respostas para “Meus primeiros rastejos com astrofotografia”
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